Drake levantou-se, acordado pelo pálido Sol nascente que lutava para atravessar as venezianas. Um vento frio soprava pelas frestas da janela; há alguns meses atrás, esse mesmo vento teria arrepiado seu peito nu e enviado calafrios pela sua espinha, mas não mais. Desde que sua verdadeira natureza aflorara, o frio e o calor que afligiam os homens comuns pouco o incomodavam.
O ladino espreguiçou-se e voltou a sentar na cama, acordando sua outra ocupante.
- Já acordado? - Helen, também chamada de Pardal, sorriu preguiçosamente para ele.
Drake deu um meio-sorriso de volta. - Já... tenho que ir à Fortaleza.
- Ver seu amigo anão?
Drake fez que sim. Helen levantou-se, revelando mais uma vez o corpo nu. Seus seios eram pequenos e sua forma era magra e dura, muito diferente de uma camponesa ou de uma fidalga; para Drake, no entanto, era mais bela do que qualquer outra. "O corpo de uma lutadora," pensou ele.
Tiritando de frio, a moça apanhou uma túnica num velho cabide no canto da sala. O sobrado que ela alugava era um lugar feio e soturno, mas Drake amava o tempo que passava ali. Suspirando, o rapaz calçou suas botas.
- Não está com frio? - a moça correu um dedo pelos seus ombros magros.
- Tem que ser mais frio que isso pra me incomodar - disse Drake, presunçoso, vestindo agora o justilho de couro.
- Nossa, que durão. Meu homem - disse a moça, carregando a voz de sarcasmo.