segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Interlúdio - Skarri, a Esmeralda

   Os conhecimentos abaixo fazem parte das tradições religiosas da fé de Moradin, ensinados a seus clérigos na Ilha dos Deuses (onde foram ordenados Dûr Sven e Dûr Thudar, há alguns anos).
   Dentre os Primogênitos de Moradin, nenhum é mais benevolente ou querido do que Skarri, a Esmeralda. Ela é a mestra-curandeira dos anões, a diplomata da paz, e seus ensinamentos pregam o autossacrifício em prol dos mais fracos e a união entre os povos, sejam anões ou não. Sua história e seu credo dão a ela um aspecto muito mais agradável para membros de raças não-anãs, e os raros clérigos de Moradin que não pertencem ao Povo de Pedra normalmente são seduzidos por sua doutrina.
   Como todos os Primogênitos, Skarri foi um dia uma anã mortal que acendeu à divindade graças à suas ações na vida terrena. Ela viveu há milênios atrás, na Era dos Dragões. Eram tempos terríveis, quando os anões das ilhas de Kortlan viviam isolados em batalhas horrendas e guerras intermináveis contra os grandes dragões do Norte. Os clãs tinham pouco amor uns pelos outros e os humanos eram ainda menos dignos de confiança, uma vez que lutavam ao lado dos dragões tantas vezes quanto contra.
   
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   Skarri nasceu nas terras que hoje se chamam Dartistaed, capital moderna de Kortlan. Seu berço era nobre, pois era a filha do Príncipe Bordogund e sobrinha do Rei Baragund de Gundhal, o Palácio das Esmeraldas. Entretanto, desde a tenra infância, Skarri foi diferente: ao contrário de seus irmãos e primos, que ambicionavam com a guerra e sonhavam com dragões mortos, Skarri sempre se preocupou com ajudar os feridos pelas tais guerras e buscava, acima de tudo, acabar com a miséria e a dor que se abatia sobre seu povo. Quando chegou na idade adulta, a jovem Skarri renunciou sua herança e se tornou uma clériga peregrina, viajando pelo Norte e buscando ajudar seus irmãos e irmãs anões.

    Por quarenta e seis anos, Skarri andou de cidade em cidade anã, passando por torres, fortalezas subterrâneas e vilarejos escavados na rocha, sempre buscando ajudar seus concidadãos. Ela oferecia cura aos feridos, ouro aos pobres e conselhos aos desesperados. Rapidamente, histórias sobre a santa sacerdotisa que dava tudo de si para ajudar os anões de Kortlan se tornaram frequentes, e Skarri ganhou a alcunha de "Cauda-de-Dragão" - uma brincadeira com o fato de que, onde quer que os grandes répteis alados passassem com sua destruição, Skarri rapidamente aparecia, oferecendo auxílio aos necessitados. Diz-se que chegou um tempo em que os anões a recebiam com presentes diversos - desde pequenos agrados, como uma capa costurada à mão, quanto riquezas generosas, como antigas relíquias de ouro e joias. Ainda assim, Skarri não guardava tais presentes, pois na próxima parada sempre doava tudo aos que precisavam mais.
   No entanto, apesar de seus sacrifícios, a guerra contra os dragões continuava sem cessar. Quando parecia que os anões teriam alguns anos de paz, os dragões traziam mais escravos humanos e orcs do Sul para lutarem em suas fileiras, e os conflitos recomeçavam. Isso levava aos anões da época a se tornarem cada vez mais xenófobos, um sentimento que, naqueles dias, era compartilhado até por Skarri - que culpava aqueles povos pelo sofrimento do seu próprio. No entanto, tudo isso estava prestes a mudar, graças ao grande dragão Glazhungaldynn.
   Glazhungaldynn era um dos grandes anciãos brancos do Norte e, como é comum entre os seus, era tremendamente ganancioso e narcisista. Após alguns anos, nem mesmo o grande dragão pôde ignorar as histórias sobre Skarri Cauda-de-Dragão, a misteriosa anã que tomara como missão desfazer toda a desolação que Glazhungaldynn e seus comparsas se esforçavam para fazer. Logo logo, pensou ele, até mesmo os seus escravos humanos e orcs começariam a adorar a peregrina, e aquele pequeno incômodo poderia se tornar um grande problema. Assim, Glazhungaldynn preparou uma armadilha para a anã.
   Pagando uma grande quantia de ouro a um vilarejo de anões já muito devastado pela guerra, o dragão simulou um ataque terrível sobre seu povo sem, no entanto ferir ninguém. Cumprindo sua parte do acordo, o corrupto chefe do povoado mandou um pedido de socorro para Skarri, dizendo que o estrago feito por Glazhungaldynn os levaram à beira do colapso. Fiel, a clériga chegou ao povoado para ajudar seu povo mas, antes que dois dias se passassem, Glazhungaldynn chegou.
   Ao invés de atacar, capturar escravos e voar para longe, como de costume entre os dragões malignos, Glazhungaldynn usou poderosas feitiçarias para se ocultar nas montanhas próximas ao vilarejo. Quando Skarri chegou, ele voltou voando e ameaçou destruir todo o povo caso ela não se rendesse. Skarri, apesar de já poderosa na época, não sabia se seria capaz de encarar um oponente tão temível, e tinha quase certeza que caso lutasse não seria capaz de impedir as mortes dos anões ali presentes. Assim, rendeu-se a Glazhungaldynn, que a colocou sobre um feitiço paralisante e a fez assistir enquanto ele traía sua palavra tanto a ela quanto aos anões corruptos, matando todos e recuperando seu tesouro enquanto levava sua preciosa refém embora.
   Conta-se que essa foi a época mais negra na vida de Skarri. Forçada a trabalhar sobre diversos encantos que a impediam de usar magia, a anã viveu oito anos de sofrimento no covil do dragão. Ali conheceu os demais servos e escravos de Glazhungaldynn, mas por muito tempo não conversou com nenhum deles - seu sofrimento era grande demais e um ódio amargo ainda queimava dentro dela, que não admitia a presença dos cruéis orcs ou dos corruptíveis humanos. Os poucos anões que se submetiam ao julgo dos dragões (pois são uma raça orgulhosa e teimosa, e a maioria morreria antes de se curvar a uma fera maligna) eram propositalmente mantidos fora do alcance de Skarri, pois os capatazes ainda temiam o poder de Moradin e não queriam lidar com uma insurreição.
   Foi no oitavo ano de cativeiro, no entanto, que Skarri conheceu o homem que mudaria o seu destino. Embora muitas lendas nórdicas o identifiquem como o próprio Balgrim Martelo-Negro, maior dentre todos os heróis dos homens em Kortlan, os registros históricos confiáveis não são capazes de suportar essa teoria (embora os anões vivam por séculos e Balgrim, ao que tudo indica, teve uma vida extraordinariamente longa). As únicas pistas que relacionam o jovem escravo com Balgrim eram a aparência física (alto, louro, de músculos poderosos e barba de guerreiro) e a reputação de matador de dragões, mas essas são características tão comuns a tantos heróis kortlani da antiguidade que é impossível afirmar que Skarri e Balgrim alguma vez tenham se encontrado em pessoa.
   De qualquer forma, sabe-se que um dia a força de Skarri começou a diminuir e seu corpo a fraquejar. Os anões são famosos por resistirem não só à magia como também às enfermidades que afligem as demais raças mortais, mas talvez tantos encantos e tanto tempo reclusa tinham abalado demais suas convicções, e seu corpo mortal sofria por isso. Temida por muitos, Skarri adoeceu sozinha, piorando a cada dia que passava; e assim teria morrido, não fosse seu futuro companheiro. O homem louro fez o que ninguém teve coragem e a tomou em seus cuidados, velando seu sono e se valendo de qualquer cura improvisável para tentar salvá-la. Após duas semanas, Skarri voltou a si, graças ao cuidado do jovem.
   De início desconfiada, com o tempo Skarri aceitou o convívio de seu novo aliado, e rapidamente uma amizade floresceu entre os dois. Trocaram experiências, ideias e sonhos; enquanto o jovem se sentia inspirado pela presença santa de Skarri, essa se encantou com a garra e a energia do humano. No entanto, o jovem percebeu que ainda existia uma sombra sobre Skarri quando se tratava dos humanos no geral. A anã guardava enorme rancor pois muitos dentre os homens tomavam partido dos dragões, se tornando escravagistas terríveis não diferentes de seus mestres escamosos.
   Paciente, o jovem apresentou Skarri a cada um de seus companheiros, amigos e familiares, presos ali com ele, contando suas histórias. Os homens, explicou ele, adoravam os dragões desde os tempos mais antigos; mas eram dragões de ouro e prata, grandiosos e benevolentes, que queriam bem às raças inteligentes. A chegada dos servos de Tiamat e a queda dos dragões metálicos tinha mudado tudo, e seus antigos senhores bondosos foram trocados por tiranos horrendos. A maioria dos homens, explicou ele, não sabia viver sem a guia dos dragões, e mais ainda estavam ali contra a sua vontade, tão oprimidos - ou mais - do que os anões. O jovem compartilhou com Skarri que ele não desejava mais nada a não ser que os homens desfrutassem da resiliência e vontade dos anões, mas eles eram frágeis e viviam pouco, isso sem contar com aqueles que se corrompiam sobre o poder dos tiranos alados. Até mesmo os capatazes e os orcs, disse o jovem, eram dignos de pena e misericórdia.


   Assim, Skarri foi tocada pela profunda compaixão que sempre nutrira por outrem, mas agora aprendera a direcioná-la a todos e não apenas ao Povo de Moradin. Em união ao jovem, Skarri convenceu todas as facções de escravos - e mesmo vários servos voluntários de Glazhungaldynn - a se voltarem contra seu mestre. Juntos, feiticeiros humanos e xamãs orcs e destruíram os encantos que aprisionavam o poder de Skarri e, numa noite em que o dragão estava fora, tomaram seu covil de assalto. Ao invés de fugirem, no entanto, esconderam os que não podiam lutar numa montanha ali perto e aguardaram o retorno de Glazhungaldynn.
  O dragão, em sua soberba, não notou a insurreição até que fosse tarde demais. A feitiçaria unida dos ex-escravos impediu que ele fugisse, e Skarri, seu jovem amigo e os mais corajosos enfrentaram o dragão com bravura. As canções cantam que Skarri fez chover a ira de Moradin sobre a fera, e que a própria terra criou vida para combater Glazhungaldynn. Muitos guerreiros valorosos morreram naquele dia, mas seu sacrifício comprou a paz e a segurança de seus amados quando a lâmina do jovem guerreiro humano (ou martelo, em algumas versões) transpassou o crânio de Glazhungaldynn, matando-o.
   Centenas de histórias são contadas sobre Skarri nas duas décadas que se passaram após a derrota de Glazhungaldynn. Diz-se que foi ela a matar Ghorzan, Rei dos Gigantes (conquista disputada por, no mínimo, mais três outros primogênitos); que salvou toda uma nação do temível Predador Negro de Obad; que aprendeu (ou roubou) as artes da cura mais sofisticadas de seu tempo com o próprio Corellon Larethian, divindade dos elfos (e esta história, em parte, parece ser verdade: antíquissimos pergaminhos em Bellamere, creditados a Bergaelos, o Sábio, contam a história de "uma sacerdostisa anã, mais bela e bondosa do que qualquer uma de seu povo, que passou alguns invernos na cidade e trocou conhecimentos com a Rainha Cyrlande, de quem se tornou muito amiga."). Fato é que seu nome tornou-se um sinônimo de salvação e glória, e todos os povos de Kortlan a recebiam como uma verdadeira divindade viva (ainda que a maioria não adorasse Moradin); além disso, a maioria dos dragões não ousavam enfrentá-la, pois Glazhungaldynn tinha sido grande e sua derrota era motivo de temor entre os tiranos alados.
  Foi ainda em suas viagens que, um dia, Skarri sonhou com uma antiga fortaleza de seu povo, Dhûr-kabhaz. Era uma cidadela fortificada a uma semana de viagem de sua pátria natal, e era onde por décadas habitara o maior de todos os dragões brancos: Scybrhasdhoghar, general da própria Tiamat, poderoso como um semideus. No sonho de Skarri, no entanto, Scybrhasdhoghar estava morto e uma flor de inverno crescia sobre sua cabeça, e a visão a deixava alegre; foi, portanto, em direção à cidade.
   Lá descobriu que, de fato, Scybrhasdhoghar tinha sido morto por ninguém menos que Balgrim Martelo-Negro (e as baladas que contam a luta estão entre as mais famosas da história). Algumas lendas contam que Balgrim, sendo antigo amigo de Skarri, a recebeu de braços abertos; outras que, apesar de nunca tê-la visto, conhecia sua fama e a recebeu com muita reverência. Os humanos tinham estabelecido uma grande comunidade ali, e desfrutavam dos frutos do tesouro do tirano falecido. Skarri, no entanto, teve outro sonho profético: que os dragões planejavam vingança contra Dhûr-kabhaz, e que, caso a cidadela caísse, Gundhal (sua cidade natal) seria a próxima a ser obliterada.
   Avisando a Balgrim para se preparar para o pior, Skarri foi a Gundhal. Ao chegar lá se deparou com seu primo Berdegund, filho de Baragund, atual Rei de Gundhal. A majestade era coberta em joias e riquezas acumuladas nas guerras contra os homens e dragões, e conta-se que o conselho de anciãos relutou em reconhecê-la em suas vestes humildes - diz-se até que Berdegund disse que "tal mendiga não poderia compartilhar de seu sangue". Nem mesmo seus irmãos e sobrinhos foram de grande ajuda, e Skarri teve grande dificuldade em se fazer ouvir. Quando informou da queda de Scybrhasdhoghar em Dhûr-kabhaz, no entanto, uma fagulha de ganância e ódio se acendeu entre o povo de Gundhal, e Berdegund ordenou que os exércitos fossem convocados para recuperar seu tesouro ancestral e expulsar, de vez, os "adoradores de lagartos" de Dhûr-kabhaz. Skarri profetizou o fim terrível da linhagem de Berdegund, caso não fizesse causa comum com Balgrim contra os dragões, mas o primo a ignorou e a mandou embora, e então partiu em marcha.

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    Skarri, no entanto, não desistiu de seu povo. Usando da magia de Moradin, viajou em pouquíssimo tempo entre todos os povos que conhecia e tinha ajudado, implorando seu apoio; e tamanha era sua fama e influência que quase nenhum deles recusou ajuda. Com feiticeiros, xamãs e clérigos funcionando em conjunto, exércitos foram magicamente transportados para perto de Dhûr-kabhaz. Orcs, humanos, anões e elfos marcharam, com Skarri à sua frente, para salvar os povos de Gundhal e Dhûr-kabhaz.
   Quando chegaram à cidadela, entretanto, a cena que encontraram era sangrenta. Ao que parecia, Balgrim tentara negociar com Berdegund, mas falhara, e os exércitos de ambos se enfrentaram em batalha. Em pouco tempo, entretanto, a profecia de Skarri se cumprira e a ameaça maior se apresentou: o restante dos dragões brancos, chefiados por seu último general, o ancião Bhurzamarrhozhan, se abateram sobre ambos os exércitos, matando indiscriminadamente.
   Balgrim era um matador de dragões profissional e seu exército era mais que preparado para abater os gigantes escamosos; no entanto, suas forças tinham sido minadas pelos anões e, tomados de surpresa, foram humilhados pelos dragões; o próprio Balgrim quase morrera na batalha, não fosse pela bravura de seus dois filhos. Os anões não se safaram, tampouco; muitos morreram na batalha, e acabaram por recuarem junto aos humanos para dentro de Dhûr-kabhaz.
   Os dragões estavam para romperem o cerco quando o exército de Skarri chegou à Dhûr-kabhaz. Inflamados por séculos de escravidão e violência, as raças atacaram como uma, rechaçando os dragões da cidadela; contaminados pelo furor da batalha, o povo de Balgrim e de Gundhal atacaram, saindo do abrigo e flanqueando os dragões. A batalha estava quase igualada, e Bhurzamarrhozhan temeu por sua vida naquele momento.
   Não era à toa, entretanto, que os dragões tinham por tanto tempo dominado o Norte. Um dragão sozinho era uma ameaça considerável, mas quase três dezenas deles, liderados pelo ancião, era uma luta quase impossível. Mesmo com tantos exércitos cooperando, parecia que as raças do Norte estavam condenadas, não fosse pelo último aliado a se unir à batalha.
   As lendas contam que era o jovem aliado de Skarri, agora um homem experiente e duro em batalha (e aqui as lendas que afirmam que o jovem era Balgrim se contradizem). Ele demorara a atender o pedido de Skarri pois tinha ido atrás dos antigos senhores dos homens, os perdidos dragões metálicos. Sua busca fora bem sucedida e, no calor da batalha, o jovem surgiu montado num dragão de prata, gigante e majestoso; ao seu lado viera a dragonesa Ghardamwyll, que permitiria ser montada por Skarri. Juntos, os dois dragões - que eram muito mais poderosos que os brancos mais jovens, e um páreo duro para Bhurzamarrhozhan - viraram a balança e derrotaram, de vez, os grandes dragões brancos do Norte.
   Muitas perdas ocorreram na derradeira batalha - dentre elas, Balgrim, Rei dos Homens, Cyrlande dos elfos do sul e toda a linhagem real de Gundhal, além do dragão de prata montado pelo jovem sem nome e a própria Dhûr-kabhaz, obliterada no confronto. Apesar de todos os pesares, o Norte estava finalmente livre e Skarri, aclamada por todos os povos e por direito de sangue, tomou sua herança como Rainha de Gundhal.
   Conta-se que ela distribuiu os espólios justamente entre todos e, além disso, ajudou a fundar uma pátria livre para os humanos ao Sul de Gundhal (rebatizada como Grindflaema, a Chama Verde, em homenagem ao poder de Skarri e às esmeraldas ali mineradas). Skarri reinou pacificamente em Grindflaema por 100 anos, e diz-se que Kortlan nunca mais teve um período tão próspero e bondoso quanto esse; no momento de sua morte, dada a idade avançada, conta-se que o próprio Moradin desceu ao Mundus, e a declarou uma de seus Primogênitos; Skarri passou a ser conhecida para sempre como Skarri, a Esmeralda. Sua linhagem continua até hoje em Grindflaema, a pátria anã que tradicionalmente se alia aos reinos humanos de Kortlan e que participou de diversos eventos históricos de grande importância na história.

O Mestre

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