O vento frio que entrava
pelas portas dos fundo da casa fazia com que as chamas bruxuleassem na lareira
e nas velas, deixando o rosto marcado de Xhu Sie ainda mais tenebroso, uma
verdadeira máscara de sombras e cicatrizes.
A senhora pigarreou um
pouco e começou a falar. Apesar das palavras firmes, sua voz era arranhada e
rouca, como se ela não falasse há muito tempo.
Fonte:
www.my-favorite-camping-store.com
"Como você pode
notar por meu nome e meu sotaque, eu não nasci aqui neste lugar. Nasci longe,
muito longe, a Leste, há vários anos, num lugar que em minha língua chamamos de
Ilha dos Muitos Templos. Eu nasci parte de um clã orgulhoso de... espadachins,
habilidosos e corteses, inigualáveis em luta e com coração de ouro."
"Como se dizem ser
os cavaleiros de Garmun." disse Aleena. Xhu Sie concordou com a cabeça.
"De certa forma,
sim. Mas diferente, muito diferente. Nosso estandarte era o do Leão, e
nós éramos a justiça, o braço forte do... imperador. Nenhum clã era mais
importante do que o nosso, nenhum mais orgulhoso."
"Não obstante, a
ilha em que nasci era um reduto aos deuses e espíritos ancestrais de meu povo,
e os guerreiros do Leão lá eram... guardiões, acho que a palavra é essa.
Treinávamos e lutávamos como todos os Leões, mas raramente tínhamos um inimigo
verdadeiro, pois apenas guardávamos o templo e a ilha. Eu era tola naquela
época, guerreira. Era tola e impaciente, e daí vieram todos os meus
erros."
Ela parou por um
instante, engolindo. Olhou para o nada por algum tempo e então retomou:
"Eu sempre fui apta
ao caminho da espada. Com quatorze anos, quase nenhum espadachim da ilha era
capaz de me derrotar, salvo os mais antigos e experientes, e esses - com a
sabedoria que a idade traz - nunca lutariam em desafio a uma criança. Portanto,
eu era invicta, e assim, fiquei orgulhosa. E tola."
"Um dia, em minha
juventude, decidi que meu lugar não era ali. Era forte demais para ser
dispensada como um cão que guarda um jardim, pensava. Assim, tomei um barco e
fui à cidade, conversar com o líder dos Leões, mostrar minha força e solicitar
que me fosse dada uma tarefa mais desafiadora. Minha família sentiu vergonha de
mim e me advertiu contra minha soberba, mas não dei ouvidos. Novamente, fui
tola."
"Ao chegar ao
senhor de nossas terras e líder de nosso clã, me apresentei. Ele me tratou com
respeito, pois, embora eu fosse de um ramo menor do clã, ele era um homem que
reverenciava os deuses antigos. No entanto, quando disse minhas palavras, seu
rosto se tornou sombrio. Disse que eu havia nascido na Ilha com um propósito, e
esse propósito era servir aos deuses. Eu disse que os deuses me fizeram mais
forte que todos na ilha, e por isso merecia estar lutando nas guerras feudais e
não sentada em frente a um templo. Ele disse que eu era do Leão, e deveria
honrar a minha posição e a hierarquia do clã. Eu disse que era do Leão, e que
era esperado de mim que fosse brava e forte. Ele se calou e olhou pra mim por
muito tempo, e então disse: 'Pois bem, ó espadachim mais forte da Ilha dos
Muitos Templos. Veremos sua força inigualável, pois você é do Leão; e se fores
tão forte quanto dizes, darei-te uma grande armadura e um corcel de guerra, e
farei-te capitã sobre meu comando. Se não fores...' mas eu o cortei, tola como
era. Disse: 'Serei forte como digo. Se não for, faça de mim o que quiser, pois
minha vida nada mais valerá.'"
Aleena deu um sorriso
contido. Os kortlani sempre valorizavam a força e contavam várias histórias em
que heróis valorosos, de origens humildes, suplantavam nobres de títulos
poderosos mas pouca bravura.
"Eu vesti meus
trajes de batalha e afiei minha lâmina. Naquela noite, sonhei com grandeza e
glória. Acordei com um salto de meu leito, e fui ao grande Pátio dos Leões,
enfrentar meu destino. Mas o que encontrei lá não era o que eu esperava. Todos
os capitães e nobres do Leão estavam lá, e, no meio da praça, vestido para
guerra, estava o líder dos Leões, altivo e poderoso como só ele era. Eu engoli
em seco: confiava em meu poder, mas sabia que o líder era imensamente poderoso.
Ele disse: 'Xhu Sie do Leão, espero que o sono tenha dado-te sabedoria. Recues
agora e desistas, e voltarás para sua ilha e cumprirás teu dever; caso
contrário, teu destino será terrível.'. Mas eu era orgulhosa demais, tola
demais, e não recuei. Saquei minha espada e o enfrentei. Não é necessário dizer
que fui facilmente dominada por ele, um guerreiro em muitos níveis superior a
mim..."
"Espere aí!"
disse Aleena, confusa. "Você disse que era uma espadachim excelente. Como
o combate foi assim tão fácil para ele?"
A senhora sorriu,
triste. "Eu era a melhor de minha ilha, guerreira do Norte, e apenas isso.
Minha ilha tinha sido meu mundo, e eu me considerava a melhor do mundo. Mas não
era grande coisa, comparada a um capitão médio dos Leões, quanto mais em relação
ao líder do clã. Você se esquece que eu era jovem e..."
"Tola."
completou Aleena. "Continue."
"Continuarei, e
acalme-se, pois em breve chegaremos à parte que você quer que eu chegue; porém,
deveria prestar mais atenção no início da história, pois pode aprender muito
com isso."
Fonte: l5r.wikia.com
"Derrotada e
humilhada, me ajoelhei perante o líder. Ele me olhou, impiedoso, e falou para
que todo o clã ouvisse: 'Xhu Sie. Foste orgulhosa e tola, e achavas que estavas
acima do meu juízo, e acima dos desígnios dos deuses. Agora, escutes meu
julgamento.'. Eu tremia, pois achava que o líder clamaria por minha vida.
Entretanto, o castigo foi pior, pois assim ele disse: 'Envergonhastes a si
mesma, a sua família, o seu clã e a mim. Comportaste-te como uma bárbara, e não
como uma cidadã de império; portanto, determino que não mais te chamarás Xhu
Sie do Leão, e apenas Xhu Sie. Amanhã deixarás as terras do clã e deixará o
Império, e irás para Oeste, viver com os bárbaros que são como ti. Assim
decreto eu, líder do clã do Leão'."
"Eu não achara que
havia punição pior. Permitiram-me trazer as roupas de meu corpo e uma espada, e
me colocaram num barco mercante que vinha para Nahros no dia seguinte. Foram
dias sombrios da minha vida, os que se seguiram do início de meu exílio. Eu não
era mais eu mesma: era a sombra de meu passado, um corpo sem alma e sem vida.
Eu andei por Nahros por muito tempo, e depois encontrei a sombria fronteira de
Ruhsma; andei ainda mais, sempre a Oeste, e cheguei em Garmun. Nesses dias eu
passava fome e dormia nas estradas, vivendo de restos. Fui molestada e abusada
mais vezes do que posso me lembrar. Nunca resisti. Não havia por que lutar. Um
espadachim Leão, sem um senhor e um ideal por quem lutar, é o ser mais infeliz
e miserável deste mundo, guerreira."
Aleena não pode deixar
de sentir uma pontada profunda de compaixão. Não pela fome, nem pela solidão,
mas por também conhecer a dor de ser uma mulher guerreira num mundo dominado
por homens. Sabia bem demais o que era aquilo.
"Eu tinha três
décadas de vida quando conheci Artim Daven II, pai do Duque desta cidade. Ele
acabara uma campanha em uma das intermináveis guerras dos bárbaros, e topou com
o que restara de mim na beira da estrada. Era o fundo de meu poço: estava
magra, suja, com retalhos de roupas, e dormia debaixo de uma sebe. Contra a
minha vontade, ele mandou me limparem, me alimentarem e me vestirem com roupas
novas. Eu protestei, mas não resisti. Não resistia a mais nada, naquela
época."
"Quando acordei, em
uma de suas carroças, ele veio ter comigo. Eu lhe disse que era inválida,
inútil, e pedi que me deixasse em paz. Ele me perguntou se eu sabia lutar, pois
carregava ainda minha espada - que, pelo maior capricho do destino, permanecia
comigo ainda. Os homens do Oeste não gostam das espadas do Leste: gostam de
seus pedaços de ferro retos e pesados, que pedem mais músculo do que habilidade
para serem manejadas. Talvez por isso mantive minha espada, ou talvez... talvez
esse tenha sido meu destino."
"Eu lhe respondi
que tinha lutado, mas que aquele tempo ficara para trás. Ele olhou em meus
olhos e disse algo que nunca me esqueci, guerreira. Ele disse o seguinte:
'Quando um guerreiro cai, ele tem duas opções. Ou se levanta e honra sua
posição, ou morre na lama como um covarde. Se há qualquer honra em você,
oriental, levante-se. Em minha fortaleza há espaço para uma guerreira, mas os
covardes pertencem à beira da estrada.'"
"Até hoje não sei
de onde saíram as forças para me levantar. Os Daven têm isso neles, é
engraçado. Falam o que você precisa ouvir. Eu sei que ganhei um quarto na
fortaleza, e, mais importante, ganhei alguém por quem lutar. Alguém a quem
servir. Meu corpo estava parado fazia anos, e minha mente e alma estavam em
estado ainda mais deplorável. Mas dei tempo ao tempo, e me tornei forte e
altiva de novo."
"Por vários anos
servi o velho Daven da maneira que, quando garota, sempre sonhara: de guerra em
guerra, de batalha em batalha. Quando não haviam conflitos, eu era encaminhada
para resolver problemas de aldeões aqui e ali: derrotar alguma fera perigosa,
dar conta de algum grupo de bandidos. Tudo isso eu fiz com perfeição. Mas,
muito embora eu estava em paz comigo mesma, não posso afirmar que fosse feliz.
Me faltava algo, guerreira. Me faltava uma motivação verdadeira."
"Daven não permitiu
que eu participasse da sua jornada à mina amaldiçoada onde seu pai perecera. Eu
estava, naquele tempo, resolvendo uma contenda com os von Bohr, a serviço do
próprio Duque. Foi uma pena: ele morreu na mina, como vocês bem sabem. Eu
ofereci meus serviços ao jovem Artim Daven, que tinha apenas dez anos na época,
mas seus conselheiros estavam arredios e me dispensaram. Me compraram essa casa
e me deixaram um bom dinheiro para viver, em descanso."
"Por alguns anos,
isso me bastou. Vivia em paz e contemplação, mas ainda com o sentimento de que
algo me faltava. Eu me tornara muito diferente da jovem impetuosa que fora na
infância, e também diferente da alma perdida que fora na juventude. Aprendera
os costumes bárbaros, sua língua, e conhecera suas terras. Não os considerava
mais seres inferiores ou fracos: vi que, em sua próprio maneira, podiam ser tão
honrados ou civilizados do que nós, nascidos no Grande Império do Leste. Dessa
forma, não pude negar o pedido de ajuda que me foi feito pelo jovem Artim Daven
III, quando ele solicitou que eu liderasse um grupo de mercenários contratados
para defender Davensport (nessa época, uma pequena vila pesqueira) de um
possível ataque kortlani. Eu fui."
Fonte: www.historyfiles.co.uk
"Vou lhe
poupar os detalhes da batalha, afinal, sei que você já esteve presente em um
saque. Levamos a melhor, por muito pouco. Os saqueadores foram derrotados a
custo de cada um de nossos homens. No fim do dia, só sobrara eu... e uma jovem
donzela escudeira, de longas tranças louras. Era sua mãe, Aryana, embora eu não
soubesse na época. Nos enfrentamos sobre a chuva de outono. Ela era capaz, mas
poucos no ocidente são capazes de enfrentar um espadachim do Leão de igual pra
igual... e, portanto, eu venci. No entanto, quando sua mãe caíra por terra, eu
não consegui dar o golpe final. Seus olhos estavam vermelhos e marejados, e ela
disse apenas uma palavra no idioma do oeste. Ela disse: "Não". Então
eu..."
"CHEGA!"
Aleena se levantou da mesa, gritando. "Eu me recuso! Não ouvirei você
profanar a memória de minha mãe assim. Ela era uma saqueadora! Era kortlani!
Nenhum guerreiro de meu povo se acovarda perante a morte. Você mente, velha. Ou
então conheceu uma outra Aryana. Talvez uma garmuni de mesmo nome. Uma
impostora, quem sabe."
A velha deu um sorriso
triste e ligeiro. "Era Aryana de Serpeheim. Aryana Lança-Longa."
"Pare! Eu a proíbo
de insultar meu sangue assim! Se esta não fosse a sua casa, eu já teria sacado
minha espada e dado conta de você! Agradeça aos seus deuses que o povo que você
ofende tem sagrado respeito pela hospitalidade, oriental!"
"Eu entendo sua
raiva. Posso parar minha história aqui, guerreira, e você pode seguir sua vida
sonhando sobre um fim heroico para sua mãe. Entendo também o costume de seu
povo em nunca recuar perante o inimigo. Acredite, isso é um aspecto que nós, do
Grande Império, também compartilhamos. Entretanto, existe um motivo para sua
mãe ter temido a morte - o maior motivo de todos. Não era para preservar a
própria vida, mas para salvar as vidas que carregava."
Aleena congelou. Sentiu
um pouco de vergonha, e o rosto ardeu. Sentou-se de novo, bufando. Olhou a
mulher nos olhos e disse:
"Continue, por
favor."
"Como
quiser..." Xhu Sie ocupou-se por alguns instantes, num acesso repentino de
tosse. Por fim, continuou:
"Eu tive pena
daquela inimiga. Não a matei. Vi nela o que eu mesmo fora: uma mulher,
guerreira, lutando pelo seu caminho num mundo dominado por homens. Estendi a
mão para levantá-la, mas ela perdeu a consciência devido aos seus ferimentos.
Segurei-a então, e a levei comigo. Davensport estava consumida pelo fogo, e
então eu avancei pela mata, em direção a Morhstarr. Nenhum de meus subordinados
tinha sobrevivido. Eu me culpava, é claro, mas sabia que o Duque não se
importaria. Os saqueadores tinham sido derrotados, e, se isso custasse a vida
de mercenários, pouco importava."
"Achei uma casa de
lenhador abandonada na floresta. Lá, tratei Aryana, e ela me contou que estava
grávida. Sem querer, nós, inimigas no campo de batalha, agora aliadas. Eu
cuidava de seus ferimentos; ela me contava histórias sobre seu povo. Nos
tornamos amigas. O destino é uma coisa curiosa."
"Passamos meio ano
na casa. Quando o momento veio, eu fiz o parto de sua mãe (de forma precária,
sim, mas era o que podíamos fazer). O fruto de seu ventre veio forte e belo. Eu
nunca tinha presenciado aquilo antes: o surgimento de uma vida. Novamente,
guerreira, eu mudava. Tinha experimentado a amizade de uma inimiga, o amor dos bárbaros,
e testemunhado o maior milagre do qual os homens são capazes. Naqueles dias,
pensei que finalmente meu propósito se revelara pra mim."
"Mas nosso mundo é
cheio de dor, guerreira. E, um dia, recebemos uma visita em nosso abrigo. Eram
guerreiros de seu povo. Eles vinham procurando Aryana, e não estavam felizes
quando a encontraram. Pois eram chefiados por um guerreiro poderoso e terrível,
de longos cabelos da cor do fogo e uma fúria que só se vê nos kortlani. Seu
nome era Krugar.",
"Meu pai" disse
Aleena.
"Sim. Ele chegou
até nós com seus homens. Estava fora de si: tomado pelo ódio e pelo álcool. Ele
não quis ouvir a mim ou à Aryana. Se queria uma coisa: a vingança contra
aqueles que tomaram sua esposa. Em sua cabeça, eu era a culpada."
"Seus
homens atearam fogo à casa, enquanto Krugar avançou contra mim. Em qualquer
condição, eu o derrotaria sem dificuldade... mas tinha que proteger Aryana,
ainda fraca, e seu fruto. Sinto dizer que falhei. Krugar avançou contra mim,
lançando Aryana e o que ela carregava ao chão, perto das chamas que tomavam
conta da casa. Não se importava nem mesmo com sua esposa e sua descendência,
apenas com a vingança. Eu mesma fui nocauteada e lançada às labaredas. Fui tida
como morta, e isso salvou minha vida."
"Quando dei por
mim, estava ferida e quase morta" tocou as cicatrizes no rosto. "Mas
as dores de meu corpo nada se comparavam àquelas de meu coração. Seu pai
me tomou quase tudo, Aleena, quase tudo que eu realmente me importava
nesse mundo. Minha amiga jazia morta. Nossa casa, queimada. Uma criança fora
levada; mas eu duvidava que estivesse viva, pois vira ela cair ao chão."
Aleena engoliu em seco.
As lágrimas inundaram seus olhos. Lembranças inundaram sua mente: a ausência
dos pais na infância, sua mudança para Dartistaed, o encontro com seu irmão
Krug, tão diferente... e aquela mulher, que protegera sua mãe mesmo quando
inimigas, responsável pela perpetuação de seu sangue. Aleena viu a verdade: ela
devia muito, muito mesmo, àquela estranha oriental. Levantou-se da cadeira e
ajoelhou-se, solenemente, ao lado da senhora.
"Minha família lhe
deve tudo. Você nos ajudou sem motivo e sem ganho, e sua recompensa foi apenas
dor. Eu me coloco a seu serviço, senhora."
"A meu serviço?
Posso usá-la, talvez. Mas só aceitarei o serviço de uma aluna, pois esse é
costume de meu povo." disse Xhu Sie, com um ar melancólico. "Afinal
de contas, já ensinei um kortlani antes. Mas a devoção deverá ser completa, Aleena.
Não poderá me questionar ou desobedecer, nunca. Acha que é capaz?"
"Sim."
"Pois bem. Amanhã
começará a me servir, então. Sua dívida será paga, e, quem sabe, você pode até
se tornar uma espadachim competente."
"Sim."
"Então, por seu
senso de justiça, faço-lhe uma promessa: sirva-me, e um dia lhe revelarei quem
é o Homem Marcado Pelo Fogo."
Pela última vez naquela
noite, Aleena olhou, surpresa, para a velha senhora. Sua expressão era uma
máscara indecifrável, similar à que usava para encobrir as feições.
A companhia está prestes a enfrentar
tempos de mudança... e o fardo de Aleena é o mais pesado de todos. Continue
acompanhando para descobrir o futuro da donzela guerreira!
O Mestre
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